Hoje uma grande tragédia completa três anos. A enchente que devastou dezenas de cidades alagoanas, inclusive a nossa Santana do Mundaú que já era tão pequena e sofrida, carente de atenção e zelo.
Fui à cidade logo após o fato com a equipe da TV Gazeta. Para conseguir chegar e ter condições de olhar o que restou,confesso, tomei um antidistônico. Seria impossível ver o povo chorando com suas perdas materiais - que foram muitas e irreparáveis - e também de entes queridos e não me envolver. Lembro perfeitamente de uma conterrânea, chamada Gisélia, que estava nos escombros tentando encontrar o corpo do irmão Gilmar, que também era nosso amigo, e que nunca apareceu.
Quanta comoção. Do outro lado, desesperado, com problemas psicológicos, o nosso amigo Zé de Júlio pedindo socorro, entre tantos outros. Parte da minha vida foi arrastada juntamente com as casas das minhas amigas de infância.
Que desgraça. A situação era de total emergência e aí começaram as mobilizações. Centenas de famílias desabrigadas e acomodadas em escolas e unidades da prefeitura. Doações de todos os lados para ver se pelo menos amenizavam a dor e as pessoas com o semblante de tanto sofrimento e sem esperanças teriam forças para reagir.
Mas, o que mudou de lá para cá?
Praticamente nada. As pessoas continuam brigando pelas moradias e assistência digna. Muitas pegam o valor da aposentadoria e pagam aluguel enquanto os casebres não são entregues. A promessa é de que no final do ano tudo seja concluído. Mas, até lá são mais seis meses de sofrimento e descaso, falta de respeito com a população, com famílias carentes.
Além do mais acompanhamos as denúncias de ‘falcatruas’ envolvendo a obra do residencial: pessoas de outras cidades que se cadastraram, outras que não poderiam estar no processo, enfim. Onde foi parar o direito dessas famílias e onde habita a honestidade das autoridades ‘comprometidas’ com a população¿
É triste ver crianças, jovens, adultos e idosos entregues ao marasmo sem a menor condição de sobrevivência digna. A vulnerabilidade social também os persegue diariamente. O que fazem os governos muncipal e estadual¿
Amigos, oremos por nossos conterrâneos e peçamos a Deus que as autoridades sejam mais sensíveis e honestas.
Tenhamos esperança!
Dulce Melo é Pernambucana, de Garanhuns. Atua como jornalista há 11 anos e é fascinada por leitura, assim como pela arte de escrever. Ama desenvolver não somente textos jornalísticos, mas artigos, poemas. É autora do livro: ‘“Clécio, o Halley” em homenagem ao ex-jogador de futebol Clécio Henrique encontrado morto num hotel em Arapiraca. Além disso, é autora do livro de poemas "RAZÃO".
Possui dois livros sendo terminados: ‘Mulheres: podemos tudo após os 40’ e ‘Entre sirenes e rabecões’.
0 opiniões:
Postar um comentário