Blog da Dulce Melo

Este é um espaço onde Dulce Melo aborda todas as suas críticas ao que enxerga de errado no sistema.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Brasileiro executado subestimou demais.

Custei a me posicionar em relação ao instrutor de voo Marco Archer, de 53 anos, fuzilado na Indonésia, neste sábado (17), mas eis a vontade de me expressar avaliando pelo lado mais sensato ou realista como queiram entender. Imaginar doze homens atirando contra uma pessoa não pode ser glorioso, enquanto seres humanos ficamos horripilados. No entanto, há de se questionar a conduta do brasileiro, que leigo não era, violando as leis daquele país.

Se eu vejo um pacote de veneno com a imagem de uma caveira e a explicação de que mata, só ingiro se quiser. O problema é que o jeitinho malandro acostumado às benéficas e frouxas leis brasileiras acompanha sempre quem se acha intocável ou poderoso o suficiente para ousar da forma que Archer. Tentar aterrissar num país onde o tráfico de drogas leva à pena de morte com 13 quilos de cocaína encaixados nos tubos de uma asa delta é o extremo da petulância e não dava para ter subestimado nesse grau a inteligência dos indonésios e todas as tecnologias utilizadas. À época Archer tinha 43 anos e conhecimento, obviamente, de que a Indonésia era um dos mais rígidos países na punição para o tráfico. A desculpa de que fez aquilo porque precisava pagar o débito em um hospital foi de imensa ‘ingenuidade’.

Não defendo aqui a execução, mas discuto o conhecimento de que poderia ocorrer a prisão, pena de morte e preferiu arriscar. Uma aposta errada num país severo termina no cumprimento da lei, sem restrição e ignorando apelos mesmo que sejam dos governos dos países que têm seus filhos na lista de espera, espera da morte.
No Brasil poderia não ser a pena de morte, no entanto uma punição mais drástica para quem dilacera famílias inteiras aliciando jovens para o mundo sem volta das drogas.

Mas, diferentemente, o que vemos com frequência é o tráfico ganhando força, esnobando as leis brasileiras, rindo da Justiça e seus ‘comandantes’ reincidindo e fazendo turnê nos presídios como se fossem eles suítes presidenciáveis. Acostumaram-se às penas brandas e à convicção de que por bom comportamento, trabalhos prestados e outras brechinhas em pouco tempo estarão na rua cometendo novamente seus crimes.

Archer sonhou demais com a possibilidade de não ser captado quando as chances eram mínimas e já não acreditava mais na sorte de ser libertado depois de dois pedidos de clemência negados. Vivia, segundo outro brasileiro e amigo de presídio, Rogério Paez, que ganhou a liberdade há pouco mais de três anos, após ser preso em 2003 com um cigarro de haxixe, pedindo para adiantarem sua execução e convivia com a ansiedade todos os dias, sabendo cada detalhe do procedimento.

Obviamente parentes e amigos mais próximos estão consternados, enquanto pelo Brasil opiniões se dividem. Tem muita gente achando crueldade, bem como tantas outras aceitando simplesmente como o cumprimento da lei a alguém que transgrediu. Vamos ver até onde servirá de lição.

Triste fim.

Foto: reprodução TV Globo.

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Dulce Melo é Pernambucana, de Garanhuns. Atua como jornalista há 11 anos e é fascinada por leitura, assim como pela arte de escrever. Ama desenvolver não somente textos jornalísticos, mas artigos, poemas. É autora do livro: ‘“Clécio, o Halley” em homenagem ao ex-jogador de futebol Clécio Henrique encontrado morto num hotel em Arapiraca. Além disso, é autora do livro de poemas "RAZÃO". Possui dois livros sendo terminados: ‘Mulheres: podemos tudo após os 40’ e ‘Entre sirenes e rabecões’.

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